quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Pega leve, Morfeu

Aí que eu tive esse sonho com a minha avó, falecida em 1997.

Tocou o despertador no horário que sempre levanto para ir trabalhar, desliguei e virei para o lado. Nos 18 minutos que se sucederam eu tive esse sonho de que era dia 31 de dezembro; eu estava numa cidade em que tinha alguns amigos e parentes e tinha um lugar acho-que-era-comércio-mas-poderia-ser-repartição-pública, em frente a um rio bem estreito e com correnteza. Acho que antes de entrar nesse acho-que-era-comércio eu estava dentro do rio e alguém falava: 'tem correnteza, não precisa remar, deixa ir'. Louco queria que eu caísse na cachoeira, decerto.

No tal do acho-que-era-comércio tinha tecidos de tapeçaria misturados com comida, papéis em branco, papéis impressos, parecia uma mistura de lojinha do Grand Bazaar em Istambul que vi na televisão há muitos anos com um Centro de Referência de Assistência Social (trabalhei seis anos num desses).







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QUÉDIZÊ


Eu falava para a minha avó que ia embora, para passar o ano novo com amigos, e ela dizendo do jeito que só ela sabia dizer quando era viva: 'mas credo, vem para ir embora logo, vai me deixar sozinha aqui?' (um beijo para todo mundo que aprendeu com a família a se sentir culpado por tudo). Sei que eu esperava uma amiga, que trabalhava nessa lojinha; nome da amiga é Luciana, foi estagiária no meu último emprego.

Mas aí as coisas mudam e a Luciana na verdade se chama Priscila (quem?) e ela não vem mais à lojinha onde estava a minha avó. Mando uma mensagem desejando feliz ano novo para um amigo meu (Paulo), mas ele não responde (seu ingrato). E eu fico no dilema entre passar o ano novo com a avó ou tentar ir para outro lugar com mais pessoas. E aí acordei e olhei no relógio e fiquei aliviado por ter que me arrumar rápido para trabalhar.

Nem de longe eu sou do tipo de pessoa que acredita em sonhos premonitórios, mas fiquei pensativo. Sonhar com minha avó me querendo perto dela e com pessoas que 'me dão um bolo', rejeição, expectativa frustrada...

Acordei mal.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Namaste

Finalmente me inscrevi em uma atividade física [SORT OF]: yoga. Ou ioga. Ou corrijam-a-ortografia-chatos-de-plantão.

Ohm, bitches.

Tudo bem que a resposta que me dão quando digo que vou fazer ioga é 'ai que bom, meditação, calminho' mas né? Dou risada internamente porque já tenho noção de que o bagulho é muito louco, as contorções são sobre-humanas e tal.

Não sei se estou particularmente animado. Exercícios nunca foram o meu forte. Comecei e parei em academia por seis vezes: musculação por três vezes, natação por duas e uma vez num exercício misto de ioga/pilates/tai chi.

Só para vocês terem noção do quão errada é a minha vibe de exercícios, uma das vezes que fiz musculação e que fiquei mais tempo sem desistir, o convite que minha amiga fez foi assim:

- Juliano, estamos desempregados e sem ganhar dinheiro nenhum. Vamos gastar o dinheiro das nossas mães?

E eu fui por quase um ano, acompanhado da minha amiga. Altas fofocas durante os exercícios, as acuendações fortíssimas sobre os boy magia cigana da academia etc. Parei de ir quando minha amiga se mudou de cidade.

Vamos lá né? Pela sétima vez. Ficar calminho e sem ossos. Quem sabe sete é meu número de sorte.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Le Carapuça

Domingo passado tentei fazer uma receita de carne com cerveja preta na panela de pressão que sempre deu certo antes de eu vir embora de Maringá. Mas, em todas as vezes que tentei fazer aqui na minha nova casa, a panela deu problemas ou a receita deu problemas ou eu simplesmente perdi as manha de fazer, enfim. Aí na segunda eu cozinhei feijão, utilizando novamente a panela de pressão e percebi que ela está com defeito na ~VÁLVULA DE SEGURANÇA~, que está rompida e deixa que toda a pressão saia, não criando a condição necessária para que a panela cumpra seu papel de apressar o cozimento dos alimentos.

O subtítulo da postagem de hoje é "Filosofia pós-traumática relacionada a atividades domésticas".




Aguentas a pressão?

Uma panela de pressão é um instrumento ótimo para apressar o cozimento de comidas mais duras: a carne fica mais macia, o feijão demora 1/4 do tempo que demoraria para cozinhar na panela sem pressão, mandioca cozida é praticamente impensável sem uma dessas maravilhas e o que dizer sobre o tradicional leite condensado cozido dentro da lata na panela de pressão? Porém, recomendo inicialmente que só usem uma panela de pressão se for realmente necessário ou imprescindível.

Veja bem: a panela cria pressão porque a água superaquecida se torna vapor de água e se expande e tem apenas minúsculos orifícios por onde sair. Estes orifícios ficam na chamada ~VÁLVULA DE ESCAPE~. Todas as panelas têm uma ~VÁLVULA DE ESCAPE~ e mais: além disso, todas as panelas desse tipo têm uma ~VÁLVULA DE SEGURANÇA~, para caso a ~PRESSÃO~ se torne maior do que a panela é capaz de ~SUPORTAR~ e a ~VÁLVULA DE ESCAPE~ se mostre incapaz de liberar o vapor de maneira segura. Algumas panelas têm ainda uma terceira opção para a saída do vapor de água, não é o caso da minha, entretanto.


Uma panela de pressão com falhas na ~VÁLVULA DE ESCAPE~ pode se tornar um grande perigo doméstico; em algumas culturas, como nos Estados Unidos, as pessoas simplesmente não usam panelas assim, com medo de a ~PRESSÃO~ se tornar ~INSUSTENTÁVEL~ e a panela explodir, causando danos potencialmente graves.


Por isso, amiguinhos e amiguinhas, a minha dica é que, antes de usar uma panela que provoque ~PRESSÃO~, todos devem ter total conhecimento do processo e dos riscos. Quem prefere uma vida segura e sem necessidades de ~VÁLVULAS DE ESCAPE~, deve simplesmente abandonar a ideia de ter uma panela dessas. E, em contrapartida, se escolher utilizar esse utensílio, todo mundo deve saber que vai ter que ~AGUENTAR AS CONSEQUÊNCIAS DO ACÚMULO DE PRESSÃO~, utilizar sempre a ~VÁLVULA DE ESCAPE~ apropriada para o modelo da panela e mantê-la sempre em condições adequadas de funcionamento.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Seja bom em nome da humanidade

Três coisas sobre minha personalidade geralmente provocam polêmica: minha sexualidade, meu ateísmo e minha visão política. Três dos quatro assuntos que devem ser sempre evitados nas conversas.

Hoje quero falar um pouco sobre minha não-religiosidade.

É comum que se pense que nós, ateístas, somos pessoas revoltadas, amarguradas, tristes, com um "profundo vazio interior" e outros adjetivos. Não é bem assim. Trata-se de um grupo tão heterogêneo como qualquer outro agrupamento sociológico. Há ateístas revoltados, bem como há os que não são. Há os ateístas que tem superstições. Há os que apelam para divindades na hora do apuro.

Na minha história, já houve um tempo em que eu acreditava na existência de Deus. Depois, de deuses. Depois, de entidades energéticas da natureza.

Aconteceu que, com o aperfeiçoamento da visão materialista, típica de quem se aprofunda na ciência, toda a metafísica se fez desnecessária para mim. Simples assim. Sem revolta com igrejas, sem amargor com os preconceitos das religiões, sem tristezas nem vazio interior. Hoje, entendo que o mundo pode ser explicado por leis naturais e que, caso ainda não exista uma lei que explique algo, isso não significa que, algum dia, não será enunciada tal lei.

Não faço apologia ao ateísmo e não acho que a religião (ou a crença na metafísica) não seja necessária. Há pessoas que se dão muito bem acreditando em deus(es/as). Apenas, para mim, não cabe mais. Cumpriu seu papel.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A história da minha sexualidade

Lembro-me muito bem de algumas coisas da minha infância... de brincadeiras de fantasiar ser o que eu não era e isso tem muito a ver com o que a minha atual visão científica apregoa: meninos ou meninas, em uma idade muito precoce, fantasiam ser homens ou mulheres.

Sim, não importa se tem um pipizinho ou uma xoxotinha: a criança vai fantasiar ser algo que não é, algo maior e mais poderoso, mais capaz de enfrentar o mundo DRAMÁTICO da infância, seja essa figura heroica um homem ou uma mulher. E isso está ok, não é sinal de homossexualidade nem nada, sosseguem o facho aí, homofóbicos/religiosos/nazi-fascistas de plantão.

Lembro-me de imaginar ser um mago poderoso. Um cavaleiro com lança derrubando o oponente numa justa. Uma princesa trancada numa torre de um castelo. Um extra-terrestre meio homem meio mulher em missão de paz. Uma árvore falante mágica que não andava, mas fazia o bosque à sua volta funcionar com o poder de um encanto. Um robô. Uma leoa caçando no meio da savana. Uma fada rainha de um povo luminoso. Etc. Muitos etc.



Isso não tem exatamente a ver com sexualidade. Tem a ver com identidade de gênero. Sexualidade tem a ver com o pipi ficar durinho, quando eu tinha lá meus 8 ou 9 anos. Lembro-me de brincadeiras com coleguinhas da escola em que eu era um pai de família e só de pegar na mão da minha esposa-em-fantasia, PÁ: uma ereção. Acho que o nome da colega era Cibele (não confundir com Ana Cibele, uma colega que tive anos mais tarde, já na adolescência, quando morei na Bahia), uma guriazinha de pele morena muito destoante da maioria das gurias do oeste paranaense, de cabelo castanho claro, longo e cacheado. Eu já a achava muito bonita na época. Padrões de desejo.


E lembro-me também da primeira vez que PÁ: rolou uma ereção com o toque de um menino na minha mão. Era 4ª série, Escola Gabriela Mistral em Palotina-PR, 10 anos. Eu não lembro exatamente porque, mas eu fazia algum tipo de mimimi de medo durante a aula (HAHAHA, padrões de comportamento!) e o coleguinha que sentava à minha frente, um ruivo sardento, lábios finos e voz estridente, virou-se para mim e agarrou a minha mão sobre a carteira: "(insira aqui um sotaque oeste-paranaense) PARE! NÃO PRECISA ISSO TUDO!"

PÁ!

Desde então, foi cada vez mais frequente sentir tesãozinho por meninos. Depois por "adolescentos". E eu achando que era uma fase, que poderia ter tesão por meninas. Tentei muitas vezes fantasiar-me casado, com filhos, fazendo uma viagem por uma estrada serrana numa perua cheia de crianças e malas. Tive uma namorada dos 15 aos 18 anos que era virgem quando nos conhecemos. Terminamos o namoro com ela virgem.


(DESCULPA, VOCÊ ERA LINDA E MEIGA E PERFEITA, MAS O LANCE ERA COMIGO E NÃO CONTIGO)

Tive relacionamentos com homens, já no final da adolescência. Pele, tesão, sexo, suor. Prazer. E achava que minha vida seria assim: apaixonar-me por mulheres e sentir tesão por homens. Sem eu saber, replicava um padrão já experimentado e socialmente solidificado pela humanidade na Grécia e em Roma Antigas: heterossexualidade por ser o que precisava e homossexualidade por ser o que desejava.

Até eu me apaixonar por um homem e meu castelinho de fantasia desmoronar. Eu tinha 18 anos. Nunca mais fiquei com mulheres.

Hoje eu não me fantasio mais como sendo uma princesa ou rainha. Sou homem, minha identidade de gênero é masculina. Masculina até demais, sei que replico muito do machismo em que fui criado. E meu desejo é por homens.

Lidem com isso.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Porque cruzar o país de carro é mais divertido

Quem lembra desse filme?

Dia 11 de janeiro e, finalmente, parece que o ritmo frenético de fim de ano acabou.


As rotinas voltando a ser rotinas, o$ problema$ de ante$ voltando a preocupar... porque fim de ano é isso: a gente com a burra cheia de 13º salário e vivendo à larga, comendo bem, fazendo passeios, etc. etc. etc.


Apesar de sempre ter um economista no Fantástico ensinando como ter uma vida regrada e, ainda assim, sobrar dinheiro para as férias, aprendi uma valiosíssima lição com meus pais: não adianta nada ser prudente e guardar dinheiro para um futuro que nunca chega, quando se pode ter momentos de felicidade (e sim, leitores/as, ter dinheiro no bolso ajuda muito a ter momentos de felicidade) aqui e agora.


Meus pais, esses bastiões da economia, hoje têm um pequeno patrimônio... na terceira idade, conseguiram ter a tranquilidade de ter casa própria e de comprar um carro à vista, apenas com os rendimentos de aplicações. Eu os invejo por isso, admito.
Entretanto, os custos familiares desse acúmulo de capital sempre me deixaram meio magoadinho.

Durante toda minha infância e adolescência, nossas férias eram sempre as mais espartanas possíveis: apart-hotel do Candeias cheirando a mofo, enfrentar filas intermináveis nos mercadinhos das praias do litoral catarinense para comprar todo o necessário para cozinhar em casa todos os dias, viagens de 700km sempre de carro e, minha Nossa Senhora das Férias Frustradas, aquela frase que SEMPRE ouvi em todas as viagens em família à praia: QUAL VAI SER O DIA DE JANTAR FORA ESSA SEMANA?


Sei que pareço ingrato em dedurar meus pais por esse modelo econômico de passar férias. Sei que eles faziam isso com boas intenções. E sei que muitas famílias não conseguiram garantir férias no litoral a seus filhos. Acontece que agora que sou adulto, vejo com mais ceticismo a capacidade de a classe média poupar dinheiro. Certa vez uma querida amiga (marxista roxa, diga-se
en passent) fez uma livre interpretação de Karl Marx e me disse o seguinte:

"Marx disse que é uma falácia capitalista isso de o proletariado acumular dinheiro, só quem acumula é o detentor do capital. Já que não vou conseguir acumular mesmo, VOU GASTAR TUDO ATÉ O ÚLTIMO CENTAVO" (RENATA, Minha Amiga).


Virou um lema de vida, obrigado, Renata.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Dos problemas em ser drama queen


É sempre a mesma coisa:

a) aparece uma novidade na minha vida (boa ou ruim ou neutra ou potencialmente qualquer um desses adjetivos)

b) faço um superhipertripermegaultra mimimi como se fosse o final dos tempos, o fim de uma era, um armagedom em escala pessoal

c) a novidade passa a ser rotina

d) acaba o mimimi

e) caço outro evento para fazer drama

É, meu Brasil, não é fácil ser histriônico.

domingo, 8 de janeiro de 2012

À espera de um milagre - parte 2

E eu esperei o milagre de Natal hem, gente? O jantar que meu pai me convidou foi um semi-sucesso, considerando que ninguém teve vontade de fincar o garfo na jugular de ninguém.

(Juro que fiquei com medo de SER EU a ter essa vontade, mas como a pessoa que eu supus que seria alvo da minha ira lê esse blog, melhor eu nem comentar nada, não por enquanto)

Meu marido foi parcialmente bem-recebido esse dia, sem muitos constrangimentos, só se conversou sobre amenidades e, é lógico, sobre os mesmos assuntos que ouvi meu pai falar nos últimos 32 anos, ninguém jogou nada na cara de ninguém, não houve indicador na fuça de ninguém nem nada... e no final da noite, a conta foi paga na íntegra pelo meu pai...

Mas o milagre de Natal, de subitamente eu ser tomado por compaixão e amor por alguém que não me faz muita diferença atualmente, não veio. Vou processar todos esses especiais de fim de ano que pregam o tal do milagre, quero meu dinheiro de volta.

Procon no Dr. Seuss e no Charles Dickens.

À espera de um milagre - parte 1

Aguardo a hora que, milagrosamente, terei ânimo AND inspiração para voltar a escrever alucinadamente no blog.

Beijos desanimados a todos(as).